Para um país como o nosso, “há duzentos anos” foi ontem. Sabemos bem que a nossa perceção do tempo depende do que fazemos com ele: dez anos são apenas um instante se forem bem aproveitados. Talvez por isso nos custe a crer que já se passou uma década desde que o Parlamento Português elevou as Linhas de Torres à categoria de Monumento Nacional.
Este ano, alargámos as celebrações a um fim de semana inteiro. Veja as fotos das celebrações e da cerimónia oficial aqui.
Em três dias e três noites, o Mercado Oitocentista mostrou-nos como se vivia, trabalhava, comia e folgava numa pequena vila rural de há duzentos anos. Porque não perdemos uma viagem no tempo, estivemos em Arruda dos Vinhos a tirar instantâneos para lhe mostrar como foi.
Aos vilafranquenses que no dia 20 de outubro possam ter-se sentido alarmados pela presença de uma galante tropa, munida de sabres, pistolas e carabinas, em frente ao Museu do Neo-Realismo, queremos afiançar: a guarda era de honra, e as intenções, gentis. Tampouco os camponeses que ocupavam parte do passeio representavam qualquer perigo para a ordem pública, não obstante os varapaus e forquilhas de que, por motivos históricos, não se separam nunca.
Eles estavam ali para, com muitos outros amigos das Linhas de Torres, participar na celebração do seu Dia Nacional.
Daqui por uma quinzena de anos, uma árvore muito pequena ainda – talvez um pinheiro manso ou um sobreiro – quererá saber quem a plantou numa colina escarpada da Serra do Socorro. Talvez uma águia-cobreira ou um bufo-real já muito velhinhos se lembrem de ter visto, lá dos altos onde voam as águias, umas crianças, muito animadas e coloridas, populando a colina com rebentos tão altos quanto elas; enquanto grupos de caminhantes, esses bem maiores e de ar muito determinado, marchavam para o topo da serra. Então as velhas aves abrirão o baú das recordações e mostrarão as fotografias da nossa galeria aos pinheiros mansos, aos sobreiros e até a um medronheiro que se infiltrara nas hostes.
Como é hábito, e porque o Festival Novas Invasões é já um clássico, a revista Invade publicará um artigo sobre a edição de 2023, que teve lugar de 31 de agosto a 2 de setembro. Nós (porque não sabemos esperar) vamos adiantando as fotos que trouxemos de três dias de cultura, entretenimento e espanto em Torres Vedras.
"O derradeiro desafio relacionou-se com a resposta do público, depois de um longo período de confinamento, e com condições de participação bastante alteradas, face ao modelo ‘normal’ do Festival. A resposta foi esclarecedora, naturalmente com uma quebra de participação em comparação com o festival de 2019, mas com praticamente todas as sessões esgotadas."
"Os novos invasores trouxeram a pluralidade de ideias e de visões do mundo, abrindo espaço às utopias e mudanças da vida comum, através da expressão artística, da cultura, do pensamento partilhado e da convivialidade social. O Festival destina-se ao público geral e, em especial, às famílias que procuram entretenimento, lazer e conhecimento, valorizando iniciativas que cruzem a cultura popular com as práticas de expressão artísticas e criativas contemporâneas, num contexto informal e de relacionamento interpessoal."