No início de dezembro, o Centro de Interpretação das Linhas de Torres do Sobral de Monte Agraço faz 13 anos — uma idade que várias culturas assinalam como sendo aquela que marca a passagem da infância. Que melhor forma de comemorar o aniversário do que com um conto musicado para as crianças e suas famílias?
Na manhã de 8 de dezembro, domingo, leve os miúdos ao CILT de Sobral de Monte Agraço para assistir à dramatização, com música ao vivo, de Não há Duas sem Três, da série “Contos com História lá dentro”.
E se é um dos que padecem de triscaidecafobia — isto é, que acreditam que o número 13 dá azar —, faça como muitos hotéis e chame-lhe, por exemplo, o aniversário n.º 12A. Que isso não o impeça de aparecer!
Veja toda a informação na nossa agenda.
Ao início da noite de sábado, 19 de outubro, movimentações inusitadas desassossegavam a Praça do Município de Sobral de Monte Agraço. De um lado, apoiado por artilharia e um grande número de populares precariamente armados, o exército anglo-português tomava posição. Do outro, tropas francesas gritavam “Vive l’Empereur” e carregavam com entusiasmo os seus mosquetes. De uma janela alta da sede do município, uma corajosa campesina narrava os acontecimentos.
Acomodada num dos lados da praça, a multidão sustinha a respiração e armava-se com os seus smartphones, preparando-se para reviver um dos episódios mais marcantes da defesa das Linhas. O primeiro sinal de comoção surgiu quando destemidos populares capturaram um soldado invasor, de imediato sujeito a termo de identidade e residência. Depois, iluminados por uma lua cheia decerto contratada para o efeito, tiveram início os combates.
Sobressaltando-se a cada tiro de canhão e entusiasmando-se com as descargas de mosquete, a assistência acompanhava atentamente todos os movimentos marciais. Seguiram-se um combate corpo-a-corpo, um duelo entre os dois galantes comandantes das forças beligerantes e um assalto ao edifício da Câmara Municipal. A investida francesa à sede do poder local culminou no infame hastear de uma bandeira tricolor, assistindo a população em espanto ao defenestrar de muitos papéis e… mobília. Em Sobral de Monte Agraço, as recriações históricas são levadas muito a sério.
Veja a fotogaleria aqui mesmo.
Um coral pode viver quinze mil anos. Pelo menos um pinheiro — o Matusalém — está vivo há quase cinco milénios, e as Ginkgo biloba podem atingir mil anos. Em contrapartida, a vida de uma mosca raramente ultrapassa os quinze dias e alguns insetos não vivem mais do que dois ou três. Para uma mosca, a vida humana é uma eternidade. Para uma ginkgo, uma semana.
Também os territórios têm uma relação peculiar com o tempo. Para um país como o nosso, “há duzentos anos” foi ontem. Para algumas nações mais recentes, talvez o princípio da sua história.
Sabemos bem que a nossa perceção do tempo depende do que fazemos com ele: dez anos são apenas um instante se forem bem aproveitados. Talvez por isso nos custe a crer que já se passou uma década desde que o Parlamento Português elevou as Linhas de Torres à categoria de Monumento Nacional.
A cada celebração desta data sentimos que valeu a pena. Não apenas a região — que reúne numa causa comum um grupo variado e multifacetado de municípios — assumiu sem hesitações a herança histórica, cultural e patrimonial do papel de relevo que lhe coube no contexto das Guerras Napoleónicas, como os reflexos positivos da sua ação na cultura, turismo e economia locais se vêm fazendo cada vez mais notar.
A 20 de outubro passado, celebrámos o décimo aniversário da elevação das Linhas de Torres a Monumento Nacional.
A cerimónia, que teve lugar no Cineteatro de Sobral de Monte Agraço e foi apresentada pelo ator Paulo Pinto, abriu com o discurso do presidente da RHLT, José Alberto Quintino. “O Forte”, novela gráfica escrita e desenhada por José Bandeira para esta ocasião, foi apresentada pelo autor, seguindo-se a entrega dos prémios Wellington Honour de 2024. Foram ainda entregues três distinções: uma Moeda Comemorativa do Bicentenário das Linhas de Torres aos Friends of the Lines of Torres Vedras e diplomas de Sócio Honorário à Associação Cultural e Recreativa 13 de Setembro de 1913 e à Associação para a Memória da Batalha do Vimeiro. Por fim, e a propósito da iniciativa gastronómica À Mesa dos Generais, que agora decorre na região, o consultor Nuno Nobre apresentou Dez Ações-Chave para Escolas de Hotelaria e Turismo.
Seguiu-se um Brinde de Honra e uma sessão de autógrafos por José Bandeira.
Foi assim o nosso décimo aniversário. Vai ver que em menos de nada o décimo-primeiro está a bater-nos à porta.
Veja as fotos da cerimónia e das celebrações na nossa Galeria.
O que é a Região Saloia no século XXI? E que é um saloio? Márcia Mendes, da A2S - Associação para o Desenvolvimento Sustentável da Região Saloia, responde a estas e outras questões cruciais para a compreensão do papel que as comunidades, atores e instituições da região desempenham num território onde se cruzam e harmonizam os mundos urbano e rural. Márcia explica-nos o que faz a A2S e de que forma podem as forças vivas da região propor projetos e aceder aos investimentos que ajuda a financiar.
Assista aqui mesmo ao 5.º episódio do nosso InvadeCAST.
Comece a sua manhã de sábado assistindo ao desfile dos grupos de recriação histórica, que fazem ponto de honra em respeitar escrupulosamente os uniformes e a galanteria dos exércitos do período Napoleónico, e ao hastear da bandeira nos Paços do Município.
Depois, passe uma tarde em cheio na Praceta 25 de Abril aprendendo com as oficinas interativas, libertando-se do stress com as danças oitocentistas e divertindo-se com a animação de rua, incluindo a captura e julgamento de um soldado inimigo — um acontecimento sempre aguardado com grande entusiasmo, exceto, naturalmente, pelo soldado inimigo.
À noite, o ambiente aquecerá muito quando as tropas de Junot invadirem Sobral de Monte Agraço e entrarem em renhido combate com o Regimento 71. Procure não ser alvejado por um mosquete ou ferido por uma baioneta, até porque a peleja terá lugar nas ruas da vila e os hospitais de campanha já têm trabalho que chegue.
No domingo, esperamos que já recuperado dos atos heroicos da noite anterior, assista na Praça do Município ao hastear da bandeira e a uma homenagem ao povo português pelo seu esforço na construção das Linhas de Torres.
Da parte da tarde, o Cineteatro de Sobral de Monte Agraço acolherá a cerimónia oficial do Dia Nacional das Linhas de Torres, instituído em 2014 pela Assembleia da República.
O livro de Banda Desenhada O Forte, escrito e desenhado por José Bandeira para esta ocasião, será apresentado pelo autor.
Seguir-se-á a entrega dos prémios Wellington Honour, que todos os anos reconhecem e premeiam pessoas ou entidades que se hajam destacado em prol da região das Linhas de Torres.
O brinde “Linhas de Honra” encerrará com chave de ouro, como vem sendo hábito, as celebrações.
Todos os anos, em celebração do Dia Nacional das Linhas de Torres, os restaurantes aderentes na região enriquecem as suas ementas com iguarias inspiradas na era Napoleónica. De 19 a 27 de outubro, chefs dos quatro cantos das Linhas vão recordar, reinterpretar e reinventar receitas típicas de há duzentos anos. E não, não é do biscoito do soldado que estamos a falar — embora os nossos sejam de comer e chorar por mais.
Consulte o PDF da lista de restaurantes aderentes, trace a sua estratégia e prepare-se para ganhar alguns quilos. De batalhas, queremos dizer.
Gostamos de dizer de José Bandeira que é o nosso “homem do Renascimento”: artista plástico, cartunista, humorista, fotógrafo, designer gráfico (foi ele quem desenhou, por exemplo, o InvadeMAG e a nova versão da revista Invade), músico, colunista, escritor, publicitário, videógrafo, autor de cinema de animação… e a lista vai certamente crescer, porque é senhor de uma curiosidade insaciável.
Para o aniversário da Rota Histórica, que se comemora neste mês de outubro, nada melhor do que desafiá-lo a criar uma Banda Desenhada inspirada pelas Linhas de Torres. Foi o que fizemos, e o resultado é “O Forte”: uma BD que cruza, nas palavras do autor, “acontecimentos sobre os quais as pessoas pouco sabem — a defesa das Linhas de Torres — com a Cultura Clássica, sobre a qual as pessoas já não sabem muita coisa”. A ideia é que, continua, “dois menos façam um mais e este trabalho despretensioso e acessível alimente um pouco a curiosidade sobre ambos os temas”.
Em “O Forte”, Bandeira escreve e desenha, utilizando os acontecimentos de novembro de 1810 frente às Linhas, uma alegoria da condição humana, contrapondo a figura do “soldado universal” ao destino — personificado na Antiguidade arcaica pela figura da Moira, que tece sem apelo as vidas de todos nós.
Transfira daqui o programa das comemorações em PDF.
O Dia Mundial do Turismo comemora-se a 27 de setembro. Para o Município do Bombarral, contudo, assinalar a data significa também dar-lhe sequência e consequência. Segundo o site do município, pretende-se “Promover a captação de imagens representativas do Património Natural e Cultural do concelho, material e/ou imaterial” e “que as imagens apresentadas transmitam a tranquilidade, autenticidade e a ruralidade moderna do território do Bombarral”.
Através do concurso “Bombarral, o Coração do Oeste”, exponha, com as suas fotografias e criatividade, a singularidade do município. Tem até 31 deste mês de outubro para concorrer.
Inscreva-se e consulte as normas de participação aqui.
De todas as áreas de criação artística, a música foi talvez a que maiores convulsões sofreu na revolução tecnológica da viragem do século. Substituída a edição de álbuns pelas plataformas de streaming, músicos, bandas e orquestras têm-se voltado cada vez mais para os palcos.
Já a música clássica e erudita foi sempre indissociável dos concertos ao vivo e vem fazendo parte da vida da Rota Histórica desde a primeira hora. Aqui lhe deixamos três sugestões:
No próximo dia 26, a Orquestra Ligeira do Exército apresentará, no Luso, o Concerto Comemorativo da Batalha do Bussaco.
Dois dias depois, a 28, será a vez de o Quinteto ConVento levar ao palco (ao ar livre) um repertório do século XIX, inserido no projeto Música nas Linhas.
Por fim, a 26 de outubro, o mesmo Quinteto ConVento levará aquele repertório ao esplêndido cenário da Ermida da Serra do Socorro.
Vemo-nos lá?
Um dos acontecimentos mais dramáticos da 3.ª Invasão Francesa e da Guerra Peninsular, o Cerco de Almeida, em 1810, foi também um dos mais tragicamente espetaculares: a explosão do paiol instalado no castelo, comparada por testemunhas à erupção repentina de um vulcão, foi vista e sentida a quilómetros de distância e causou centenas de mortos. A praça ver-se-ia forçada a uma rendição prematura, com efeitos imediatos na estratégia de Wellington.
Todos os anos, o Município de Almeida, em parceria com o Exército Português, organiza a recriação histórica dos acontecimentos de 1810. Na 20.ª edição – que começa já no dia 30 e dura todo o fim de semana – haverá tudo menos explosão de paiol: a vida no acampamento militar, as manobras militares, o quotidiano da época, com os seus músicos, compositores e bailes, tertúlias temáticas, oficinas diversas, homenagens e cerimónias protocolares estarão à sua espera para um fim de semana instrutivo e, sobretudo, muito diferente do habitual.
Consulte a nossa Agenda para mais informações.
Os pitagóricos consideravam-no o mais perfeito de entre todos os números, uma vez que contém a soma dos quatro primeiros inteiros positivos (1, 2, 3 e 4) e assim englobava todo o conhecimento humano – o equivalente, hoje, a algo como imprimir a Internet. Ao contrário dos nossos computadores, que preferem a base 16 e por isso nos parecem pomposos e pouco sociáveis, contamos utilizando o sistema decimal, que nos facilita a vida ao permitir que utilizemos os 10 dedos das mãos como auxiliares de cálculo. O sistema métrico baseia-se em potências de 10. Dividimos os séculos em décadas, não em óctadas ou duodécadas. Por algum motivo os top ten têm 10 entradas, não 6 ou 23. E o que pensaria do departamento de marketing de uma empresa que lhe pedisse para classificar o serviço prestado numa escala de 3 a 14?
Porque goza de um estatuto tão elevado em tantos e tão variados domínios das nossas vidas, o 10 é o número ideal para nos reinventarmos. As versões online e PDF da Invade[10] aqui estão. A versão em papel está no prelo. Há pelo menos 10 boas razões para a ler, mas preferimos que as descubra por si.
Boas leituras!
Em três dias e três noites, o Mercado Oitocentista mostrou-nos como se vivia, trabalhava, comia e folgava numa pequena vila rural de há duzentos anos. Porque não perdemos uma viagem no tempo, estivemos em Arruda dos Vinhos a tirar instantâneos para lhe mostrar como foi. Leia a peça na Invade[10], aqui mesmo, e veja as fotos na nossa galeria.
Com mais ou com menos areia da praia colada aos pés depois de um mergulho no mar, com mais ou com menos petiscadas à sombra dos pinheiros, as nossas últimas semanas têm sido de grande azáfama no planeta Invade. Demos o nosso melhor para mostrar que, se desde há milénios não há nada de novo debaixo do sol, há pelo menos coisas que vale a pena ver com um novo olhar: o nosso número 10 vem de cara lavada e quer ser um marco na evolução da revista.
Nesta edição, conversamos com Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal. Passamos por Arruda dos Vinhos para lhe contar tudo sobre o Mercado Oitocentista e o Circuito do Azulejo, damos um salto a Vila Franca de Xira e à sua Fábrica das Palavras e mergulhamos no Immerso Hotel Ericeira. Mas há mais: brindamos em Bucelas com o vinho de Shakespeare, visitamos o Bombarral para apaparicar o palato no Dom José, revisitamos o livro Jean, John e João (que já está nas livrarias à sua espera) e apresentamos-lhe a Federação Europeia das Cidades Napoleónicas. Por fim, abastecemo-nos de forma sustentável no Funcho a Granel e apresentamos-lhe o Quintal do Freixo, a Adega da Lampeira e outros locais das Linhas, como o Castelo de Torres Vedras ou o Forte do Grilo, para que mude o seu destino onde mudámos o de Napoleão.
Dentro em breve as três versões – em papel, em PDF e online – estarão disponíveis. Esperamos que goste tanto do nosso número 10 quanto nós gostámos de o fazer para si.
Com texto de Ricardo Henriques e ilustrações de André Letria, “Jean, John e João” acrescenta à felizmente prolífica literatura existente sobre o tema da Guerra Peninsular uma muito bem-vinda irreverência artística e criativa. A componente histórica e ambição didática são notórias, mas há algo mais que faz desta obra um caso à parte. Dois séculos passados, os autores refletem – um escrevendo, o outro desenhando – sobre o que aconteceu e interrogam-se sobre se não poderia ter acontecido de outra forma. Sentiram-se, talvez, algo surpreendidos pelo que também aprenderam no processo. E quem ganha somos nós, porque o resultado do seu desassossego dificilmente poderia ter sido mais conseguido.
Na reflexão final com que nos brindam, e para a qual contaram com a participação de nada menos que o herói Hércules, “especialista em trabalhos impossíveis”, sugere-se que uma das vantagens da vitória aliada foi o ter-se conseguido atrasar por dois séculos a abertura de croissanterias no país. Estabelece-se ainda uma interessante comparação entre os méritos do aristocrático Beef Wellington e os da modesta chanfana. Alguns parágrafos antes, chamara-se a atenção para o absurdo em perdas humanas que o conflito causou. O humor não detrai nunca das questões que a obra, mais do que procurar resolver, tem o mérito de colocar.
Apoiado pela Rota Histórica das Linhas de Torres, “Jean, John e João” está já disponível e à sua espera nas livrarias.
Há meio século, de cada vez que se pressionava o botão de disparo de uma câmara fotográfica, o filme avançava para uma nova exposição. Uma vez escrita uma carta numa folha de papel, só repetindo todo o processo se poderia corrigir uma palavra. Cada secção de película, cada folha de papel eram únicas e irrepetíveis.
É fácil fazer mil e uma coisas antes impossíveis neste extraordinário mundo novo – na verdade, já não tão novo assim – descrito em zeros e uns. Somos adeptos da primeira hora e o InvadeMAG aqui está para o provar, mas há coisas que simplesmente (ainda) não podem ser feitas com um ecrã de tablet ou de PC. Não é possível, por exemplo, colocá-lo contra a luz e apreciar – quem nunca o fez? – a transparência de uma elegante marca de água.
A investigadora Maria José Santos, consultora científica do Museu do Papel, estará no Museu de Cerâmica de Sacavém no dia 6 de julho, às 15 horas, para falar sobre “Marcas de Água da Fábrica de Papel do Tojal, no contexto da filigranagem do papel em Portugal — séculos XIX e XX”. Segundo o programa, “A variedade e a riqueza das composições fixadas sobre as teias metálicas dos rolos filigranadores desta fábrica documentam bem a ‘personalização’ que caracterizou a história das marcas de água em Portugal”.
Não perca tempo: as reservas devem ser feitas para se_ceramica@cm-loures.pt, ou para o telefone 211 151 082, até ao próximo dia 4 de julho.
O turista gastronómico procura cada vez mais a experiência de vida que acompanha o prato e o copo. Antes de beber o vinho, quer andar na vindima e pisar a uva. Gosta de cozer o seu próprio pão num forno comunitário e aprecia mais o peixe que ele mesmo tenha ido apanhar ao mar.
Nuno Nobre, que tem uma experiência nacional e internacional de mais de 25 anos na área, explica-nos que a receita para o sucesso do turismo gastronómico já não passa apenas pelo cantinho simpático com uma cozinha generosa e mostra-nos o que fazer para seduzir, pelo palato e pelo espírito, o turista do futuro.
Veja aqui o 4.º episódio do InvadeCAST.
Não podemos dizer que estamos surpreendidos: os ouvintes da ON FM, que opera no concelho de Torres Vedras, votaram na edição de 2023 do Festival Novas Invasões para a categoria “Projeto Cultural do Ano” dos Prémios ON. Os resultados das votações, que tiveram lugar entre 6 e 11 de maio, foram conhecidos a 29, dia em que a estação de rádio celebrou o seu 5.º aniversário.
Nos três dias da edição de 2023 do Festival Novas Invasões, "53 espetáculos, em cerca de 150 sessões, cruzaram a cultura popular com práticas de expressão artística e criativa contemporâneas". Espreite aqui a galeria de fotos que na altura tirámos para si.
Às nove horas da manhã do dia 28 de novembro, o general francês entrou a bordo do Príncipe Real e foi apresentado a Sua Alteza Real. Num tom arrogante, perguntou-lhe porque é que Sua Alteza tinha embarcado e que razões tinha para abandonar o seu reino. Expressou pesar pela resolução de Sua Alteza Real, discorreu longamente sobre a grandeza da nação francesa e os sentimentos honrosos do Imperador, seu amo, para com Sua Alteza Real e o reino de Portugal; e concluiu observando que esperava uma audiência privada e não pública.
Durante o discurso insolente do general, Sua Alteza Real permaneceu em perfeito silêncio, mas depois dirigiu-se a ele da seguinte forma:
—General, já disse tudo o que queria dizer?
(Contra-Almirante Sidney Smith, comandante da expedição britânica que escoltou a Família Real Portuguesa na viagem para o Brasil)
Longe vão os anos de glória do Super 8, cujas belas cores imperfeitas e projetores de ronronar ritmado aquecem os corações dos nostálgicos dos anos sessenta e setenta. Para trás ficaram também os tempos do Video 8, que vinte anos mais tarde libertaria a criatividade exuberante de gerações de cineastas amadores e independentes.
De forma sistemática, quase obsessiva, uns e outros registaram em filme e em pequenas cassetes milhões de experiências cinematográficas, memórias pessoais e férias irrepetíveis – não forçosamente por esta ordem.
Mas se tanto o Super 8, registando a imagem em filme, quanto o Video 8, que utilizava fita magnética, foram revolucionários na forma como democratizaram o audiovisual, foi com o smartphone e a era digital que as imagens em movimento verdadeiramente invadiram a rua.
Quer o saiba, quer não, o pequeno dispositivo que traz no bolso das calças ou do casaco é provavelmente capaz de capturar – e editar! – sequências de vídeo com gloriosa definição e cores que deixariam enciumadas as gerações precedentes de cineastas amadores. O termo “cinemático” viria mesmo a adaptar-se à condição de adjetivo de uso corrente, identificando pequenos filmes digitais sujeitos a um tratamento de imagem e som que remete para o imaginário do Grande Ecrã.
Não se trata apenas de registar fotogramas, montar sequências e dar-lhes uma identidade gráfica e sonora. Também a facilidade de partilha faz com que a distribuição, que representava a última e mais difícil barreira à difusão de produções independentes, seja hoje um problema do passado.
E no entanto, os criativos de todas as áreas sabem que nem sempre a abundância de oportunidades impele à ação e que a de meios técnicos frequentemente cria ruído prejudicial ao processo artístico. Por vezes, a existência de limites e a definição de um objetivo estabelecem balizas que impedem a dispersão e favorecem o foco no essencial.
Fazer um filme.
A edição 2024/2025 do concurso de micrometragens INVADE!, iniciativa da Rota Histórica das Linhas de Torres, fornece balizas na forma de um mote – “invasões” (no sentido lato do termo, podendo tratar-se de invasões urbanas, rurais, sociais, ambientais, culturais, espaciais, reais ou imaginárias), de uma limitação temporal – o filme deverá ter entre 3 e 5 minutos, e de uma sugestão – a do uso preferencial de smartphones. Por “preferencial” entende-se, não que estejam excluídos outros meios de registo, como câmaras fotográficas com capacidades de vídeo, mas apenas que esse não será um fator de avaliação.
Pretende-se, sobretudo, premiar a originalidade, a criatividade e a qualidade da linguagem cinematográfica, garantindo que todos, sem exceção, dispõem dos meios necessários para participar em condições mínimas de igualdade.
Aceda aqui às normas de participação e à ficha de inscrição. É hora de acordar o Buñuel ou a Coppola que há em si.
A sabedoria popular garante-nos que “felicidade partilhada é felicidade dobrada” e que os nossos dias são mais alegres quando partilhamos algo. Muitos filósofos eram da mesma opinião. Erasmo de Roterdão, como Séneca muitos séculos antes dele, acreditava que não existe alegria na posse sem partilha.
Nós, que tanto veneramos a sabedoria popular quanto a dos filósofos, tendemos a concordar. Por isso, a partir de agora, basta um clique no ícone correspondente para partilhar um dos eventos da Agenda dos Itinerários Napoleónicos no Facebook, no Twitter e no Pinterest.
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Se a evolução tecnológica torna hoje realidade o que ainda há uns anos seria ficção científica, a edição impressa traz consigo a credibilidade e a confiança de um processo tradicional, fiável e duradouro.
Se a informação online elimina o hiato entre o que acontece e o que é conhecido, a publicação em papel tenta garantir que aquilo que é conhecido aconteceu de facto.
Se os meios digitais oferecem variedade e liberdade de escolha na forma como percebemos e visualizamos a informação, a invariabilidade da impressão assegura que as imagens e a forma das palavras que vemos são aquelas que os autores imaginaram.
E se, por fim, todos os arquivos do mundo cabem hoje numa caixinha eletrónica, nada substitui o prazer de colecionar e consultar um objeto físico que envelhece connosco.
Por tudo o que acima se escreve, sentimos a atualização gráfica da revista INVADE como o nosso pequeno Renascimento.
O que muda não é a intenção, a vontade e o empenho – esses são, na versão digital como na versão impressa, os mesmos de sempre.
O que muda é a forma como nos mostramos ao mundo.
Acreditamos que, quando primeiro abrir o número 10 da INVADE, irá gostar do que vê.
Os moinhos de vento sempre foram, e continuam a ser, um dos ícones mais queridos da paisagem do Oeste. Coroando os montes a norte da capital, muitos sofreram a destruição da política de terra queimada decretada por Wellington no curso da 3.ª Invasão Francesa. Além de colheitas e animais, foram destruídas ou inutilizadas todas as ferramentas e estruturas que permitissem produzir alimento ou proporcionar transporte, terrestre como fluvial. Nas fileiras do exército invasor existiam pessoas de todas as profissões. Operar um moinho, produzir farinha e cozer pão não eram atividades estranhas aos soldados franceses.
Se hoje os moinhos do Oeste já não são fundamentais para a produção e abastecimento de farinha às populações, eles não deixam de ser acarinhados pelas gentes locais e estimados por quem visita o território. Um destes moinhos, conhecido como Moinho do Sobral, é mantido em plenas condições de funcionamento e operado pelo Sr. Joaquim Lopes, nado e criado numa família de moleiros. Em visitas interpretativas organizadas pelo município de Sobral de Monte Agraço, ele explica-lhe, com um entusiasmo que trai o seu amor ao ofício, como funciona um moinho e se processa a moagem do grão.
Conheça todos os detalhes aqui.
E já que está no Sobral, porque não aprender – ou, se for o caso, recordar – como viviam as populações e quais eram os seus costumes meio século atrás? Dinamizada por Bruno Batista e integrada no programa das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, esta iniciativa leva-o numa visita ao passado pelos trilhos do surpreendente Circuito do Alqueidão.
Até 17 deste mês, inscreva-se para “Conta-me como Era a Vida há 50 Anos”. Mais informações aqui.
Libertos das suas funções de defesa e recebendo cuidados permanentes, os fortes das Linhas de Torres não apenas se integraram nas diversificadas paisagens do Oeste como se tornaram, eles mesmos, parte dos ecossistemas.
Quando falamos em vítimas da Guerra Peninsular, pensamos antes de mais em seres humanos, civis como militares. Talvez nos lembremos dos muitos animais que, direta ou indiretamente, sofreram as consequências do conflito. Raramente ponderamos a violência a que foram sujeitos os ecossistemas – palavra que tem origem no termo grego para “casa”.
A eficácia de um forte não dependia apenas da excelência do seu desenho e da qualidade da sua construção. As árvores em redor tinham de ser cortadas numa grande extensão, não só para impedir a aproximação do inimigo a coberto da vegetação, mas também para serem usadas em estruturas auxiliares, como paliçadas e abatis – conjuntos de árvores abatidas, desbastadas e com os ramos dispostos na direção do inimigo, impossibilitando o seu avanço.
Algum tempo atrás, falámos-lhe dos exércitos pacíficos de flores selvagens que se instalam nos fortes com a primavera. Hoje queremos falar-lhe de outro exército que entra em atividade quando aquele dorme: o dos insetos noturnos.
Ao início da noite de 30 de junho, nos fortes da Ajuda Grande e Ajuda Pequeno, em Bucelas, um grupo determinado de amantes da natureza partirá numa entusiasmante expedição de observação e identificação de insetos, utilizando "armadilhas de luz" para atrair os protagonistas da noite e usando de todo o cuidado para não prejudicar o ecossistema.
Não perca a oportunidade de se juntar a esta expedição invulgar. Consulte toda a informação na Agenda dos Itinerários Napoleónicos.
No próximo sábado, dia 11, pelas 16 horas, o livro Jean, John e João, que contou com o apoio da Rota Histórica das Linhas de Torres, vai ser lançado na loja A Vida Portuguesa do Intendente, em Lisboa, e toda a gente está a contar consigo. Aqui fica o anúncio do lançamento:
«Um francês, um inglês e um português vão invadir A Vida Portuguesa do Intendente para apresentar o novo livro do Pato Lógico.
O evento imperdível acontece no sábado, dia 11 de Maio, com a presença dos autores Ricardo Henriques e André Letria que se reencontram neste novo livro – depois dos atividários "Mar" e "Teatro" – para nos contar uma história com doses desiguais de resistência, coragem, chanfana e terra queimada, que olha com novos monóculos para um dos momentos mais marcantes do nosso passado recente.
Neste relato semi-ficcional sobre a Terceira Invasão Francesa de Portugal e as Linhas de Torres – o maior, mais barato e mais eficaz sistema defensivo da Europa – Jean é um ajudante de campo sob o comando do marechal Masséna, John é um marinheiro sob o comando do general Wellesley e João é um soldado caçador do exército anglo-luso. Foram apanhados num turbilhão de acontecimentos gerados pelo ímpeto conquistador de Napoleão e encontram-se num país devastado por uma guerra que deixará marcas profundas e receitas para a posteridade.
O teatro de guerra situa-se nos montes e vales a norte de Lisboa onde, entre 1809 e 1810, foram construídas em total segredo 152 fortalezas ao longo de 85 km, divididas em 3 linhas de defesa que hoje simbolizam a perseverança e a determinação portuguesas que contribuíram para o princípio do fim da megalomania do pequeno Bonaparte.»
Para o grego antigo, a Memória – personificada na Titânide Mnemósine – era filha do Céu e da Terra. Uma tradição diz-nos que foi ela quem deu nomes às coisas, para que pudéssemos entender-nos uns aos outros. Não é fácil falar de algo cujo nome não recordamos.
Mnemósine teve de Zeus nove filhas, as Musas, a quem recorremos quando buscamos inspiração numa das áreas que tutelam. Não se trata apenas de inspiração artística. Clio, cujos favores os historiadores e arqueólogos da Rota Histórica solicitam com frequência, é a Musa da História.
Já o Museion, ou Museu, é a casa onde habitam as Musas. Quando vamos a um museu, fazemo-lo para revisitar a memória coletiva, aumentar o âmbito dos nossos conhecimentos e obter inspiração para as experiências criativas a que nos entregamos.
Todos os anos, a 18 de maio, unimo-nos à maior parte do planeta na comemoração do Dia Internacional dos Museus. O tema da edição de 2024, “Museus, Educação e Pesquisa”, pretende enfatizar o papel fundamental que as instituições culturais desempenham na aquisição de uma experiência educacional completa.
A cada passo num museu correspondem muitas léguas de mundo. Encontre-se connosco, a 18 de maio, na Casa das Musas, visitando um dos museus e centros de interpretação dos municípios da Rota Histórica das Linhas de Torres.
O 12 é por vezes considerado um número de perfeição e de encerramento de ciclos (há 12 meses num ano, 12 deuses do Olimpo, 12 constelações). Talvez por isso o número que se lhe sucede, o 13, pareça uma carta fora do baralho – embora num baralho de cartas existam 13 de cada naipe. Na Índia, dir-lhe-ão talvez que o 13 é um número de justiça, benfazejo para quem haja levado uma vida boa. E em Portugal, quem dirá que tirar um 13 no Totobola é um azar dos diabos?
13 é o número de municípios que, por terem uma história marcada pelos acontecimentos da era Napoleónica, integram os Itinerários Napoleónicos, um programa de inovação da oferta turística liderado pela Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra e apoiado pelo Turismo de Portugal.
Os Itinerários Napoleónicos acabam de lançar um vídeo promocional realçando 13 das muitas facetas de um itinerário paisagisticamente fascinante, rico em História e culturalmente diversificado, a que pode assistir aqui.
A sorte procura-se. Visite um dos 13 municípios dos Itinerários Napoleónicos – e se for numa sexta-feira, tanto melhor: afinal, o dia que anuncia o fim de semana só pode ser de bom agoiro.
Há óculos para ver ao perto, óculos para ver ao longe e óculos para aumentar a realidade. De 18 a 21 de abril, os municípios que integram os Itinerários Napoleónicos* comemoram o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, que se celebra a 18, com Dias Abertos em que vai poder utilizar óculos de Realidade Virtual e Aumentada para dar um saltinho ao passado e testemunhar alguns dos acontecimentos marcantes da Guerra Peninsular em território nacional.
Acerte o relógio, ponha os nossos óculos e viaje no tempo. Consulte a Agenda aqui.
A consternação e a ansiedade que os habitantes de Lisboa manifestaram, logo que se espalhou o rumor da partida do príncipe, desafiam qualquer tentativa de descrição. Apegados por natureza e por hábito à pessoa dos seus soberanos, os mais humildes viam na emigração projetada um prelúdio certo da ruína nacional e da miséria individual (...) E não foi esta a única circunstância que tendeu a excitar o alarme geral, independentemente da aproximação iminente das tropas francesas. O exército de Junot, como se tivesse chegado ali por marcação, mal tinha atravessado a fronteira, quando o almirante russo Siniavin entrou no Tejo, com nove navios de linha e duas fragatas. Tal coincidência não podia deixar de afetar profundamente os homens já agitados por mil receios e dúvidas; pois, embora a sua chegada fosse puramente acidental, pareceu aos malfadados portugueses que tinha sido estabelecido um plano de cooperação entre o general francês e o almirante russo; e que este último tinha vindo, neste momento crítico, para ajudar na subjugação do reino.
(Charles William Vane, Story of the Peninsular War)
Porque não somos capazes de enganar ninguém, não lhe diremos que lançámos hoje a nossa Agenda dos Itinerários Napoleónicos. Isso seria inteiramente falso.
Seria também cravar uma lança no já tão martirizado peito da Verdade acrescentar que a tal Agenda – que não existe, não se deixe enganar – contém informação sobre os eventos e iniciativas que terão lugar nos concelhos atravessados por este nosso grande trilho comum, para que possa, com a sua família, escolher as atividades que mais lhe falam ao coração.
Somos gente séria. Não será porque uma turba de irresponsáveis se vai hoje entregar ao questionável prazer de enganar o próximo que abriremos mão dos princípios de sobriedade, apego à Verdade e dignidade institucional que sempre foram nosso apanágio.
Estes são os nossos princípios. Se não gostar – como disse o Nobel da Literatura, Groucho Marx –, temos outros.
Ah! E não se esqueça de não consultar a Agenda aqui.