No centro da vila de Arruda impõe-se o Chafariz Pombalino de três bicas que terá sido reconstruído em 1789, vindo substituir uma antiga fonte de pedra lavrada.
No século XVIII, a Coroa dedicou especial atenção à questão do abastecimento da água às populações, sendo que as construções decorrentes desta preocupação, quer por parte administração dos concelhos ou dos nobres e eclesiásticos era, também, uma forma de reforço do seu poder, ao qual associavam a sua própria imagem, habitualmente através da exibição de brasões. Assim, a pedra de armas de Portugal, escudo de D. José, no coroamento do chafariz de Arruda dos Vinhos, denuncia uma possível colaboração régia na sua edificação. Consta que a reconstrução foi feita a expensas de Domingos Gambôa e Liz, natural da vila de Arruda, Cavaleiro Fidalgo da Casa Real e primeiro Deputado da Junta de Administração das Fábricas do Reino e Obras das Águas Livres. A obra deverá ter ficado a cargo de Mateus Vicente de Oliveira. Mateus Vicente ocupou diversos cargos como arquiteto ao serviço da Casa do Infantado, como Inquiridor e Distribuidor da cidade de Coimbra e ao serviço do Senado de Lisboa. O “Arquiteto das Obras Reais” trabalhou ao longo de cinquenta anos em obras de construção de palácios e igrejas ao serviço de três monarcas: D. João V, D. José I e D. Maria I.
O espaldar é seccionado por pilastras, encimadas por fogaréus assentes sobre bases piramidais. O remate contracurvado dos três panos converge, ao centro, no arco canopial que coroa e faz destacar o eixo do monumento. Formado pela bacia e respetivas bicas, a que se segue um motivo vegetalista relevado ligando-se à pedra de armas, e terminando com a urna que remata o arco. Acede-se à plataforma das bicas através de duas escadas nos extremos do chafariz, abrindo-se, entre elas, um amplo tanque retangular que é antecedido, no alçado frontal, por um conjunto de pilares. A água que o abastece jorra de uma bica que se liga diretamente à bacia superior.
O Chafariz foi reconstruído após o terramoto de 1755 e é contemporâneo das Invasões Francesas, sendo palco de muitos acontecimentos históricos. Realçamos o episódio de 1910, em que foi proclamada a República nos Paços do Concelho, situado frente ao Chafariz, para grande euforia do povo. E, num ato de derrube da Monarquia, foi desbastada a Coroa Real existente no espaldar do Chafariz.
Está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 26 de outubro de 2005.