A Rota Histórica das linhas de Torres (RHLT) é, hoje, inequivocamente, um itinerário turístico-cultural reconhecido internacionalmente. Inscreve, no seu âmago, um dos mais notáveis exemplares da arquitetura e engenharia militares, aliando dois ativos diferenciadores do território: o património histórico (tangível e incorpóreo) e o património natural.
A gestão da RHLT encontra-se ancorada na Associação para o Desenvolvimento Turístico e Patrimonial das Linhas de Torres que agrega uma plêiade de municípios e agentes de natureza pública e privada empenhados numa causa comum: a estruturação e consolidação de um produto turístico sustentável.
O aprofundamento do conhecimento entre os diversos atores tem permitido identificar afinidades e interesses partilhados: substrato para a estruturação de uma oferta turística tematizada, assente em redes colaborativas, fortemente capilarizadas, que entrelaçam os vários recursos organizando um sistema de experiências.
A Rota Histórica das Linhas de Torres integra, desde 2018, o Itinerário Cultural Europeu Destination Napoleon, projetando-se num espaço amplificador das possibilidades de promoção e de divulgação deste produto turístico singular e expansor das oportunidades de cooperação transnacional que aportam inovação. Neste domínio em particular, e no quadro da valorização dos patrimónios histórico-militar e natural das Invasões Francesas e da Guerra Peninsular, foram criadas sete rotas, assentes num itinerário que percorre as Linhas de Torres Vedras, atravessa parte do Centro de Portugal, e a região espanhola de Castela-Leão. A RHLT integra a Rota de Wellington e a Rota da Terceira Invasão.
À escala nacional, com o apoio do Turismo de Portugal, uma rede de itinerários napoleónicos encontra-se em constituição. Elegendo a inovação como divisa e a digitalização como meio, várias ferramentas de mediação e de interpretação do património foram concebidas para intensificar as experiências de apropriação e de imersão protagonizadas pelos diferentes visitantes e turistas.
A acessibilidade ao património, mormente a garantia da sua fruição pública por parte de pessoas com diversidade funcional, tem motivado diversos investimentos, expressão do compromisso da Associação para o Desenvolvimento Turístico e Patrimonial das Linhas de Torres para com a inclusão. Também a capacitação dos agentes turísticos é merecedora de crescente atenção, na certeza de que a customização reclama complementaridade e articulação.
A qualificação da oferta através de uma agenda de eventos culturais que tomam o processo histórico como matéria-prima para a (re)criação e convocam a participação das comunidades envolventes promovendo a democracia cultural, começa a ter materialidade em iniciativas como o Dia Aberto dos Itinerários Napoleónicos.
Um dos pilares transversais e edificadores da RHLT remete para a Educação Patrimonial que, nos últimos tempos, tem conhecido um assinalável impulso por força do trabalho colaborativo alavancado no seio da Associação para a Promoção Turística e Patrimonial das Linhas de Torres, beneficiária da captação de recursos cognitivos, criativos, artísticos e financeiros, através de duas candidaturas bem sucedidas ao programa Valorizar promovido pelo Turismo de Portugal – inequívoco testemunho de uma relação virtuosa. A atenção dirigida às novas gerações e às famílias motivou a criação de ferramentas de comunicação próprias e de recursos de edutainment de que são exemplo o jogo de tabuleiro Napoleão Bonaparte: o princípio do fim; o caderno de campo com atividades e desafios práticos e adereços direcionados para o público infantojuvenil escolar e visitante da RHLT que, nesta edição da revista Invade ficaremos a conhecer melhor!
A presença da RHLT na edição de 2023 da BTL: Bolsa de Turismo de Lisboa, a convite da Turismo do Centro, evidencia a crescente reputação deste produto turístico compósito. De salientar que a BTL foi palco para apresentação dos novos suportes e instrumentos de promoção e divulgação da RHLT.
O caminho percorrido faz emergir a certeza de que a cooperação, assente na mutualização de recursos, constitui uma força transformadora. O que a Rota será amanhã é o nosso esforço coletivo que o ditará!