DEZEMBRO 2024 A JUNHO 2025

Linhas de Torres: uma década de reconhecimento

Na celebração deste ano do Dia Nacional das Linhas de Torres, um dia valeu por dois

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Os territórios têm uma relação peculiar com o tempo. Para um país como o nosso, “há duzentos anos” foi ontem. Para algumas nações mais recentes, foi talvez o princípio das suas histórias. Sabemos bem que a nossa perceção do tempo depende do que fazemos com ele: dez anos não passam de um instante se forem bem aproveitados. Talvez por isso nos custe a crer que já se passou uma década desde que o Parlamento Português elevou as Linhas de Torres à categoria de Monumento Nacional.

A cada celebração desta data sentimos que valeu a pena. Não apenas a região — que reúne numa causa comum um grupo variado e multifacetado de municípios — assumiu sem hesitações a herança histórica, cultural e patrimonial do papel de relevo que lhe coube no contexto das Guerras Napoleónicas, como os reflexos positivos da sua ação na cultura, turismo e economia locais se vêm fazendo cada vez mais notar.

A 20 de outubro de 2024, celebrámos o décimo aniversário da elevação das Linhas de Torres a Monumento Nacional.

A cerimónia, que teve lugar no Cineteatro de Sobral de Monte Agraço e foi apresentada pelo ator Paulo Pinto, abriu com o discurso do presidente da RHLT, José Alberto Quintino. “O Forte”, novela gráfica escrita e desenhada por José Bandeira para esta ocasião, foi apresentada pelo autor, seguindo-se a atribuição dos prémios Wellington Honour de 2024. Foram ainda entregues três distinções: uma Moeda Comemorativa do Bicentenário das Linhas de Torres aos Friends of the Lines of Torres Vedras; e diplomas de Sócio Honorário à Associação Cultural e Recreativa 13 de Setembro de 1913 e à Associação para a Memória da Batalha do Vimeiro. Por fim, e a propósito da iniciativa gastronómica À Mesa dos Generais, o consultor Nuno Nobre apresentou Dez Ações-Chave para Escolas de Hotelaria e Turismo.

Seguiu-se um Brinde de Honra e uma sessão de autógrafos por José Bandeira.

Foi assim o nosso décimo aniversário. Verá que em menos de nada o décimo-primeiro está a bater-nos à porta. 

Recriar é preciso

Não assistiu ao Combate do Sobral? Nós contamos-lhe como tudo se passou




Ao início da noite de sábado, 19 de outubro de 2024, movimentações inusitadas desassossegavam a Praça do Município de Sobral de Monte Agraço. De um lado, apoiado por artilharia e um grande número de populares precariamente armados, o exército anglo-português tomava posição. Do outro, tropas francesas gritavam “Vive l’Empereur” e carregavam com entusiasmo os seus mosquetes. De uma janela alta da sede do município, uma corajosa campesina narrava os acontecimentos ao microfone.

Acomodada num dos lados da praça, a multidão sustinha a respiração e armava-se com os seus smartphones, preparando-se para reviver um dos episódios mais marcantes da defesa das Linhas. O primeiro sinal de comoção surgiu quando destemidos populares capturaram um soldado invasor, de imediato sujeito a termo de identidade e residência. Depois, iluminados por uma lua cheia decerto contratada para o efeito, tiveram início os combates. 
Sobressaltando-se a cada tiro de canhão e entusiasmando-se com as descargas de mosquete, a assistência acompanhava atentamente todos os movimentos marciais. Seguiram-se um combate corpo-a-corpo, um duelo entre os dois galantes comandantes das forças em oposição e um assalto ao edifício da Câmara Municipal. A investida francesa à sede do poder local culminou no infame hastear de uma bandeira tricolor, assistindo a população em espanto ao defenestrar de muitos papéis e… mobília, porque em Sobral de Monte Agraço as recriações históricas são levadas muito a sério. 

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